O concreto auto-adensável – fluído , com grande variedade de aplicações é obtido pela ação de aditivos
superplastificantes – fluidificantes – retardador de pega, que proporcionam maior facilidade de
bombeamento, excelente homogeneidade, resistência e durabilidade.
Sua característica
é de fluir com facilidade dentro das formas, passando pelas armaduras de
ferragens e preenchendo os espaços sob o efeito de seu próprio peso e gravidade,
sem o uso de equipamento de vibração..
Para lajes e
calçadas, por exemplo, ele se auto nivela, eliminando a utilização de
vibradores e diminuindo o número de funcionários envolvidos na concretagem.
Indicados para concretagens de peças
densamente armadas, estruturas pré-moldadas, pré-fabricadas, fôrmas em alto relevo, fachadas em concreto
aparente, painéis arquitetônicos, lajes, vigas, etc.
Quais os materiais utilizados para
fazer o concreto autoadensável?
Os materiais utilizados são iguais aos de
concreto convencional, cimento, areia, brita, água, adições e aditivos
químicos. A maior diferença vai estar ligada as proporções de cada componente.
O grande diferencial desse tipo de concreto é o
fato de ser produzido com uma quantidade maior de agregados finos em relação
aos agregados graúdos, além de consumir maior quantidade de cimento e adição
mineral quimicamente ativa, como a sílica ativa, ou inerte como o filler
calcário.
Tanto o aumento de agregados finos como o
aumento do consumo de cimento, serve para incrementar a quantidade de materiais
finos, pois no concreto autoadensável - fluido este aumento melhora consideravelmente diversas
propriedades do produto final, tanto no estado fresco quanto no endurecido,
desde o aumento da coesão da pasta quanto o aumento da resistência inicial.
Também é imprescindível a utilização de aditivos
superplastificantes, fluidificantes, que conseguem aumentar o espalhamento
do concreto (dispersando as partículas de cimento) sem prejudicar a resistência.
Nesse sentido, os materiais específicos para a
sua produção, podem ser resumidos em:
1. Aditivos químicos
Aqui, especificamente, falamos dos aditivos
superplastificantes, cuja principal função é ser um potente redutor do volume
de água do concreto, garantindo maior fluidez e resistência. Também podem ser
incorporados modificadores de reologia que agregam maior coesão ao concreto.
2. Sílica ativa
Dentre as adições minerais a que mais se destaca
é a sílica ativa, pois pode beneficiar o concreto de duas maneiras, tanto
física quanto quimicamente. A primeira é devido ao efeito microfiller, pois
suas partículas são menores do que as do cimento, proporcionando maior coesão
ao concreto e diminuindo sua porosidade.
O benefício químico se da pelo fato da sílica
ser rica em dióxido de silício amorfo, capaz de formar o gel CSH (silicato de
cálcio hidratado) ao reagir com o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) formado durante
a hidratação do cimento.
Esse gel CSH é o mesmo produto resultante da
reação do cimento com a água, por isso que a sílica ativa também auxilia a
resistência e durabilidade do concreto.
3. Agregados miúdos
Neste caso, tratam-se, basicamente, de areias
das mais variadas procedências: naturais (margens de lagos, rios e bancos de
areia) ou artificias (obtidas por processos industriais).
Normalmente a areia artificial é mais utilizada,
devido a sua forma esférica e pelo seu módulo de finura ser menor (maior
quantidade de finos).
4. Agregados graúdos
Preferencialmente é indicado trabalhar com
agregados graúdos com forma esférica, a fim de não prejudicar a
trabalhabilidade, com dimensão máxima compreendida entre 12,5 mm e 19 mm.
5. Cimento
Podem ser utilizados os mesmos cimentos
utilizados nos concretos convencionais, desde que atenda os critérios de
resistência. Normalmente o mais utilizado é o cimento de alta resistência
inicial (CP5 ARI), por ser mais fino e apresentar maiores resistências
iniciais.
Entretanto, é importante se atentar ao alto
calor de hidratação liberado por esse tipo de cimento, podendo causar fissuras
de origem térmica.
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Onde é recomendado usar o CAA?
Ser um concreto fluido e que se molda na fôrma
sem a necessidade de intervenção humana ou mecânica faz com que o CAA seja
especialmente indicado para estruturas com alta taxa de armadura, estruturas
pré-moldadas, estruturas que exijam acabamento em concreto aparente, obras arquitetônicas
e paredes de concreto, método construtivo muito utilizado em habitações com
interesse social (HIS).
No caso de rampas e calçadas, por exemplo, a
capacidade de se autonivelar é considerada a sua grande vantagem, pois será
menor a intervenção humana após a sua aplicação. O que, obviamente, garante um
acabamento muito superior ao que permitiria o concreto convencional.
Além disso, no caso de obras que exijam menor
utilização de mão de obra, restrição de poluição sonora, concretagem rápida,
tenham pouco espaço para movimentação de equipamentos esse material é
considerado ideal, já que a aplicação não requer o uso de vibradores para o
seu nivelamento, diminuindo a mão de obra e poluição sonora.
Por tudo isso, segundo o engenheiro formado pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), doutor em engenharia e
Especialista em Desempenho e Tecnologia do Concreto, Bernardo Tutikian, “a
utilização do CAA leva a construção civil para uma forma de produção
industrializada, reduzindo o custo da mão de obra, aumentando a qualidade, a
durabilidade, a confiança na estrutura das edificações e a segurança dos
trabalhadores.”
Qual a norma que regulariza o CAA?
Os procedimentos para a produção do concreto
autoadensável e a melhor forma de utilizá-lo estão devidamente contemplados na
NBR 15823 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que,
resumidamente, procura adequá-lo à Norma de Desempenho (NBR 15575), responsável
por elencar as exigências para a concretagem (principalmente de paredes), mas
com atenção especial para a “resistência ao fogo, desempenho térmico e
acústico”.
Além disso, a norma avalia o concreto em estado
fresco (antes que haja o endurecimento), para o seu “controle, classificação e
aceitação” (NBR 15823/2010) e basicamente trata de:
Fluidez, viscosidade e estabilidade: por meio de
um estudo de espalhamento (t500) e pelo indicativo de estabilidade visual;
Bombeamento: determinando o controle do
bombeamento para concreto autoadensável (preparados ou recebidos no local da
obra);
O caráter rastreável do material em superfícies
horizontais, através de mapeamentos;
Resistência: nesse caso, resistência à
desagregação dos seus elementos constituintes, que determinam o caráter
homogêneo e a qualidade do concreto;
Definição da habilidade passante;
Recipiente para a sua
preparação: deverá ser fabricado com material que não reaja aos elementos
constituintes do concreto, permitindo que se despeje o conteúdo nos moldes sem
interrupções;
Relatório: com a identificação das amostras
utilizadas para a verificação e classificação dos componentes do concreto, data
e hora dos testes, temperatura durante os testes, capacidade de resistir à
segregação, possíveis alterações encontradas no material e nos equipamentos
necessários, entre outras providências.
Quais as principais vantagens e desvantagens do CAA?
É quase um consenso que as vantagens do concreto
autoadensável se sobrepõem às suas eventuais desvantagens.
Do ponto de vista técnico, é considerado viável
pelo fato de poder ser utilizado nas edificações de concreto armado pelos
mesmos veículos de transporte e formas, lançando mão das mesmas técnicas de
cura (técnicas para evitar a evaporação), bombeamento etc.
Quando se fala em versatilidade, é considerado
quase imbatível, e, segundo a professora e pesquisadora do departamento de
engenharia civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Denise
Dal Molin, “a tendência é que o autoadensável tenha o seu uso ampliado,
principalmente por tornar as obras mais sustentáveis, reduzindo o desperdício
de materiais e oferecendo mais segurança ao canteiro de obras.”
Portanto, de modo mais específico, as principais
vantagens e desvantagens desse novo tipo de concreto são:
Vantagens
Evita a poluição sonora já que dispensa o uso de
vibradores de imersão e demais equipamentos para o nivelamento do concreto
sobre a superfície. O consumo de energia elétrica é reduzido graças à rapidez
com que o trabalho é executado;
Diminui o número de acidentes de trabalho por
requerer menos esforço na hora do lançamento e no trabalho de acabamento da
superfície. Sem contar o fato de que sempre será menor o número de funcionários
em posições arriscadas durante a execução;
Reduz os custos com a mão de obra, pois, de um
modo geral, exige até 3 vezes menos operários para a execução do serviço. Isso
porque requer menos esforço durante o bombeamento e o acabamento, além de ser
facilmente lançado a grandes distâncias, o que dispensa o deslocamento de
pessoal.
Desvantagens
Apesar de serem muitas
as vantagens do concreto autoadensável, principalmente do ponto de vista
técnico, ou seja, do resultado final da operação, algumas desvantagens ainda
resultam num entrave, que o torna pouco difundido no Brasil.
Entre as principais, estão:
Custo mais alto: É inegável o fato de que o m³
desse tipo de concreto ainda é mais caro do que o do concreto tradicional,
muito em função da necessidade de introdução de aditivos não exigidos pelos
convencionais, devido aos próprios custos de produção e da necessidade de
pessoal bem mais especializado;
Desconhecimento da técnica e necessidade de
materiais de melhor qualidade, desde os agregados aos aditivos químicos;
Dificuldades práticas: Nesse caso, falamos das
exigências específicas de um concreto que se caracteriza por ser extremamente
fluido e sensível, requerendo, por isso, cuidados e conhecimento técnico para a
sua aplicação em superfícies inclinadas ou desniveladas.
Todavia, a opinião geral é que o concreto
autoadensável será o “concreto convencional” do futuro, e que os custos não
devem ser o fator preponderante para a sua rejeição, já que ele oferece
inúmeras vantagens (relembrando: sustentabilidade, melhor acabamento, menos
esforço dos funcionários, entre outros fatores que precisam ser levados em
consideração).
A redução da mão de obra é o fator mais importante para a escolha do
CAA?
Também é importante ter em mente que apenas a
redução da mão de obra não justifica a preferência pelo autoadensável, pois no
Brasil, que começou a olhar com mais interesse para esse tipo de concretagem
somente em 2004, o custo da mão de obra é considerado baixo.
Outros aspectos, então, devem ser observados
para que haja um incremento dessa técnica nos canteiros de obras em todo o
país.
Os principais são:
Dispensa o uso de vibradores de imersão (ou
similares), o que representa uma despesa a menos;
Economia com reparos do acabamento. O concreto
autoadensável caracteriza-se por permitir um acabamento infinitamente superior
ao concreto convencional. Ele praticamente elimina a dor de cabeça com a
formação de ninhos no concreto endurecido, bolhas em sua superfície, fissuras,
entre outros inconvenientes comuns nesse tipo de operação;
Redução da quantidade de concreto, que é uma
necessidade das construções com alta taxa de armadura, cujos espaços de
concretagem precisam ser ampliados para permitir a acomodação do material. A
fluidez do concreto auto-adensável dispensa a ampliação desses espaços, e, como
resultado, a quantidade necessária de concreto é sempre menor;
Permite a ampliação das horas de trabalho por um
motivo muito simples: o barulho produzido com a utilização desse tipo de
concreto é infinitamente menor. E, certamente, será possível trabalhar, até
mesmo, nas madrugadas das grandes cidades;
Normalmente, por ter materiais de maior
qualidade e maior controle em sua produção, o concreto auto adensável consegue
oferecer mais qualidade a estrutura de concreto, como maior resistência e
durabilidade.